Eu andava apressada pela cidade. Estava mais que atrasada pro colégio, outra vez. A diretora vai me matar.
Atravessei a rua correndo e quase fui atropelada por um carro, mas eu não tinha tempo de agradecer por não ter morrido ali mesmo. Me expremi entre a multidão da praça, já que não tinha outro caminho a não ser passando por esta. Ah, bem, ela não costuma ser tão movimentada assim...
E então eu vejo o porque dela estar tão lotada. Uma multidão jogando pedras em um único garoto loiro. O que era aquilo?
Jogo minha mochila no chão, afim de passar com mais facilidade no meio daquela baderna. Simplesmente esqueço a escola, eu não podia deixar eles fazerem aquilo com o garoto. Seguro o braço de um homem que estava prestes a jogar mais uma pedra, e em seguida entro na frente do loiro que estava encolhido no chão. As pessoas olham para mim primeiro passadas, e depois com raiva.
– Saia daí, menina! - Um homem gritou - Vai se machucar!
– Poderia me explicar qual a diferença entre me machucar e machucá-lo?
– Ele é um robô! - Outro respondeu irritado - A companhia Crypton está fazendo robôs! Irão nos substituir em nossos trabalhos! Temos que destruí-los!
Eu os fitei. Já havia ouvido falar nisso. Os trabalhadores estavam todos alarmados com a situação há algum tempo.
– Mas ele não tem culpa disso, certo? - Eu disse, chegando perto do garoto um pouco sujo por causa das pedradas. Ele era tão desnecessáriamente parecido com um humano! Eu não conseguiria diferenciá-lo se não fosse a marca em seu braço.
– Destruam a empresa, não eles. - O garoto olha para mim confuso, com os olhos azuis vibrantes, enquanto pego a mão dele e o ajudo a levantar.
– Vão embora. Se tentarem algo contra ele, será contra mim e eu chamarei a polícia. - Eu disse e saí dali, segurando a mão dele e deixando uma multidão revoltada logo atrás.
Depois de andar por um tempo, finalmente nos sentamos num banco. Eu pareci muito confiante aquela hora, mas minhas pernas tremiam. E eu ainda perdi minha mochila. Passo a mão pelo meu cabelo curto e loiro, e olho para o garoto ao meu lado. Ele parecia um tanto cabisbaixo.
– Hmmn...Qual seu nome? - Eu perguntei, incerta. Será que ele tinha um nome?
Ele levantou a cabeça, meio surpreso com a pergunta. Vejo-o tentar falar algumas palavras sem sucesso, e voltar a olhar para o chão. Acho que ele não pode falar, então pego o celular que estava no meu bolso e abro no bloco de notas, entragando pra ele em seguida.
Novamente, ele pareceu surpreso, mas pegou o celular e digitou.
''Len''.
– Eu sou Rin. Kagamine Rin. - Sorrio - Desculpe por antes. Humanos com medo são assim, infelizmente.
''Você não tem medo?'' - Ele digitou, olhando interessado para mim em seguida.
– Você não machuca as pessoas, certo? - Pergunto e vejo-o negar com a cabeça - Então não, não tenho medo de você. Mas o que você estava fazendo ali?
''A empresa me descartou porque eu não posso falar''
Penso um pouco diante da informação. Eu moro sozinha, meus tios apenas me sustentam a distância pagando o colégio e me dando dinheiro para as contas e o que mais eu precisar.
– Ei, Len...Não gostaria de morar comigo? - Digo, corando um pouco.
Ele parece não reparar na minha vergonha em perguntar, e assente. Levanto do banco no mesmo momento, e o estendo a mão.
– Então vamos pra casa. - Digo feliz - Não se preocupe, enquanto estiver comigo, juro que não vou deixar ninguém perturbar você de novo.
Foi a vez dele sorrir, e eu fiquei mais vermelha do que eu já estava. Ele é bonito. Por um momento eu esqueci que ele era um robô.
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