Já faz uma semana que Len mora aqui em casa...Eu lembro que no primeiro dia eu me senti estranha de levar um robô pra uma casa tão simples e antiga, achei que ele poderia se sentir, sei lá...Deslocado? Mas ele pareceu até gostar.
– LEEEEEEEEEEEEEEN - Eu gritei enquanto subi em uma cadeira, completamente apavorada e por causa do inseto nojento que corria pela sala
Ele não demorou a chegar, já que a casa era pequena. Pelo barulho dos passos dele no chão de madeira, ele estava no meu quarto. Me pergunto o que estaria fazendo lá.
A barata se move novamente pra perto da cadeira onde eu estou. Sinto-me ficar branca e tentada a subir na mesa. Assim que Len se deu conta do porquê eu tinha gritado, começou a rir.
– Não ria! - Eu falei, emburrada - Tire esse treco daqui! É nojento!
Ele pegou a lata verde de spray que tinha em cima do armário e espirrou no inseto que se debateu um pouco antes de parar de se mexer. Ainda desconfiada que aquilo ia levantar e voar em mim, desci da cadeira.
– Obrigada - Eu disse, e ele sorriu pra mim - Só não ria da próxima vez.
Fui buscar a vassoura e a pá pra remover o corpo do difunto da minha sala. Quando voltei, Len ainda estava lá, sentado no sofá perto da janela.
– Ah, Len... - Comecei, varrendo a barata com cuidado para a pá - O que você estava fazendo no meu quarto?
Ele corou e olhou pro lado. Notei que ele não respondeu porque não quiz, já que estava segurando o meu celular.
– Bem, não importa - Eu disse, dando de ombros e ele pareceu relaxar um pouco - E desculpe pedir, mas você poderia me ajudar com umas coisas na casa hoje?
Ele assentiu e me esperou terminar o que estava fazendo. Depois nós limpamos a cozinha e a sala, o que levou bastante tempo já que nós parávamos quase o tempo inteiro para fazermos umas brincadeiras e acabávamos por bagunçar o local ainda mais. Foi cansativo, mas eu me diverti. Nunca tinha me sentido assim antes.
Len colocava fogo na pequena lareira enquanto eu o observava. Eu gostaria que esses dias nunca acabassem.
Vou pegar alguns livros e colocar na estante, e no momento em que me viro, vejo o loiro com a mão no fogo. Largo o que eu estava fazendo naquele mesmo segundo, e tiro a mão dele do fogo. Olho para a pele artificial dele que estava meio queimada, e depois para o par de olhos azuis que me encaravam, curiosos. Era pra eu falar que ele não podia fazer esse tipo de coisa, que assim ele se machucava, mas não consegui dizer nada. Quase automáticamente, coloquei minha mão em seu rosto e o beijei.
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Len PV
Sinto alguma coisa bater fortemente dentro de mim. Não sei o que exatamente é isso. Apenas sinto meu rosto arder enquanto sinto meus lábios contra os de Rin. A mesma se afasta bruscamente depois de um tempo, ficando de costas pra mim. Vi algumas manchas vermelhas no chão, e a fitei confuso. Mas antes que eu pudesse pegar seu celular para digitar alguma coisa ela se levantou e virou para mim, com um sorriso um pouco estranho.
– Vou buscar algumas ataduras para a sua mão. - Ela disse, saindo em seguida. Quando voltou, enfaixou a minha mão que ela havia tirado do fogo. Pego o celular.
''O que era aquilo que fizemos agora há pouco?'' - Digitei inocentemente, mostrando pra ela em seguida, vendo a mesma ficar vermelha.
– A-Ah, a-aquilo f-foi... - Ela olhava pra mim timidamente por debaixo de seus cílios, enquanto procurava uma resposta - U-um beijo...U-uma coisa que...P-pessoas q-que se g-ostam fazem...
Sorri.
''Eu também gosto de você.''
– Não desse jeito que você está pensando... - Ela pareceu sem-graça
A encaro curioso enquanto ela vai até a estante e pega um livro, entregando pra mim em seguida.
– Eu não sei explicar...Mas é o que o personagem principal sente por essa garota. Acho que se você ler, vai entender.
Depois de mais um tempo conversando, apagamos a lareira e Rin vai para o quarto dela, murmurando um ''Boa noite'' que não pude corresponder. Abro o livro que a mesma tinha me entregado, folheando rapidamente as páginas. Eu estava um pouco ansioso a respeito do que eu tinha deixado no quarto de Rin, espero que ela goste. Queria retribuir de alguma maneira ela ter me acolhido aqui, e foi a única coisa que eu consegui pensar.
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Rin PV
Olho surpresa a pequena muda de Phalaenopsis, pegando-a e colocando em minha janela em seguida. Sorrio feliz. Então era por isso que Len havia estado no meu quarto hoje de manhã. Eu gostaria de saber onde ele arrumou a flor, mas achei rude perguntar, então deixei por isso mesmo. Fico admirando a flor por algum tempo até ir me deitar, mas eu não conseguia dormir de forma alguma, não conseguia parar de pensar no que havia acontecido enquanto eu beijava o Len. Coloco a mão sobre meu peito, e peço com todas as forças que aquilo não esteja voltando. Não agora, que alguém precisava de mim.
Quando já passava de uma da manhã, decidi levantar e ver como o garoto em minha sala estava.
Len estava sentado no sofá, com o livro sobre o colo e os olhos fechados. Me perguntei se ele estaria dormindo quando ele olha pra mim.
''Já terminei o livro'' - Ele digitou. Estranhei por um segundo, mas depois me lembrei que ele é uma máquina e que fazia sentido ele ler rapidamente. Mas será que ele havia entendido? Fico um pouco nervosa com isso, porque agora ele saberia como eu me sinto em relação a ele.
– E...N-Não é o mesmo q-que você sente p-por mim, não é...? - Murmurei
''Na verdade, é''
Sinto meu coração disparar um pouco, enquanto não consigo evitar de sorrir. Sento-me do lado dele, sem saber ao certo o que fazer agora. Depois de algum tempo de silêncio, encosto minha cabeça no ombro dele, e finalmente consigo relaxar quando ele começa a brincar com meu cabelo. Não demorei muito tempo para dormir depois disso.
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